(...) Em 2008, vi em média um filme por dia, o que dá trezentos e sessenta e muitos filmes num ano, a preto e branco e tecnicolor, principalmente. Passei a ficar deitada até tarde de manhã, não a dormir, mas a ver esses filmes, e assim fui deixando progressivamente de ir treinar para a barra todos os fins-de-semana. E depois vieram os queijos, os gelados, as gomas e as bolachas, e muitos outros hidratos de carbono, e assim se ganham quase cinco quilos.
Peso e cultura geral a nível cinematográfico foram das poucas coisas que ganhei este ano, sinceramente. Perdi muito mais do que aquilo que ganhei, e para dizer a verdade, tenho a certeza que não tive culpa, na maior parte dos casos. Tento acreditar que só ficaram os melhores: uma super melhor amiga à distância, uma super metade que aguenta os piores acessos de mau humor, um super apoio incondicional, uma super bomboca mal humorada essencial, um super parvo que tem a mania que percebe muito de abelhas e que não pára de fazer ‘zzzzzzzz’ nos meus ouvidos e que, pelos vistos, parece que gosta que lhe mordam os dedos, um super futuro político com dotes culinários, um super pequenino com quase dois metros de altura, um super puto maravilha que faz comboios a partir de laranjas e uma super família incluindo uma super irmã com uma Nintendo DS na qual eu ainda não pude sequer tocar… todos super-heróis, porque têm a coragem para me aturar. E os que perdi, pode ser que voltem, talvez já em Janeiro, talvez daqui a muito tempo… Talvez um dia. (...)
Peso e cultura geral a nível cinematográfico foram das poucas coisas que ganhei este ano, sinceramente. Perdi muito mais do que aquilo que ganhei, e para dizer a verdade, tenho a certeza que não tive culpa, na maior parte dos casos. Tento acreditar que só ficaram os melhores: uma super melhor amiga à distância, uma super metade que aguenta os piores acessos de mau humor, um super apoio incondicional, uma super bomboca mal humorada essencial, um super parvo que tem a mania que percebe muito de abelhas e que não pára de fazer ‘zzzzzzzz’ nos meus ouvidos e que, pelos vistos, parece que gosta que lhe mordam os dedos, um super futuro político com dotes culinários, um super pequenino com quase dois metros de altura, um super puto maravilha que faz comboios a partir de laranjas e uma super família incluindo uma super irmã com uma Nintendo DS na qual eu ainda não pude sequer tocar… todos super-heróis, porque têm a coragem para me aturar. E os que perdi, pode ser que voltem, talvez já em Janeiro, talvez daqui a muito tempo… Talvez um dia. (...)
2008 foi um ano de perdas e de excessos, de bofetadas psicológicas e abraços negados, de erros e arrependimentos tardios, de saudades e de ausências. Se pesarmos todos os momentos deste ano numa balança de dois pratos, o do que foi bom e o do que foi mau, de certeza que este segundo ganha. Ainda assim, não trocaria por nada nenhum dos momentos do outro prato da balança, quer fossem um close-up de um filme, um grand-finale de um espectáculo, uma viagem de elevador, um abraço num corredor escuro, uma mão no ombro do outro lado do espelho, uma pirueta bem dada e uma quase-espargata, um gelado partilhado, uma noite inteira a dançar até ficar com os pés em ferida, puxões de orelha e puxões de nariz ou os fins de tarde das sextas-feiras perdidas. Valeu a pena, é tudo.