sábado, 29 de novembro de 2008

bocadinhos teus e meus

Deixa-me perseguir-te um bocadinho.
Ser egoísta. Ser possessiva. Fazer chantagem emocional contigo. Fingir que não aguento. Não aguentar mesmo. Fechar os olhos com força, suster a respiração e esperar, esperar, esperar que alguém me venha salvar. Ou que ninguém venha. Guardar tudo o que tenho teu bem junto a mim. Guardar-te, abraçando-te. Abraçar-te, guardando-te. Lembrar-me. Lembrar-te. Sentar-me nos cantos de sempre. Esperar. Cansar-me de esperar. Pedir-te para esperar. Repetir as frases de sempre, cada vez mais longe do teu ouvido, cada vez menos sussurradas. Gritar. Gritar que te quero. Que não sei o que quero. Roubar-te. Roubar-te um olhar, uma palavra, um sorriso. Roubar-te tudo o que puder até simplesmente não poder mais.
Deixa-me perseguir-te um bocadinho. Só mais um bocadinho. E depois deixa-me deixar-te ir. Só por um bocadinho.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

terça-feira, 25 de novembro de 2008

quem sabe

Quem sabe se não és, tu mesmo, um anjo caído do céu.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

audrey hepburn (1929 - 1993)






"Necessito de muito amor, de ser amada e de dar amor. Não é o amor em si que me aterroriza, mas sim quando ele acaba."




sábado, 22 de novembro de 2008

a vez do triunfo

Digo-te – “sete” – com um sorriso de triunfo. Triunfo? Triunfo de quê? De te ter deixado partir, mais uma vez? De me ter deixado ir, outra última vez? De não ter conseguido sequer pedir-te para ficar, nem desta vez? De te ter mordido os dedos, despenteados os cabelos, engolido segredos, tão mais que da última vez?
Diz-me. Diz-me o que há de triunfo em precisar de ti a cada esquina, em procurar o teu olhar a cada segundo, em morrer e morrer e morrer a cada abraço teu. Diz-me. Diz-me porque é que cada vez me arrepia mais o teu toque – no meu ombro, no meu nariz, no meu queixo, no meu pé, no meu pulso, no meu…? Diz-me porque é que voltas. Diz-me porque é que vais – sempre, sempre, e nunca uma vez é igual à outra. Diz-me. Promete agora. Promete agora que é última vez.
Estará o triunfo algures por aí, na promessa que nunca fazes, entre o ir, o vir, o voltar e o nunca ficar – de vez?

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

now or never


Now baby or never 'cause I been so good to you
Now baby or never I've been so lonesome, too
Now baby or never if I mean anything to you
Now baby or never 'cause I've wasted so much time
Now baby or never and you must make up your mind
Now baby or never it ain't no fault of mine

It's got to be yes or no
It's either you stay or go
You can't leave me on the shelf
You gotta commit yourself
It's either you will, or you won't fall In love with me

Lisa Ekdahl

sábado, 15 de novembro de 2008

voltar

A noite passada adormeci com o teu beijo, com o teu toque, com o teu pedido vão repetido na entrada daquele familiar prédio gélido. Tinhas-me dado um abraço mas, pura ironia, nao ficava bem no enquadramento da cena. Manchava a imagem anterior, a minha testa pressionada nas tuas costas, a minha ternura a aconchegar a tua fúria. Aconchego? Andávamos tão distantes que as minhas mãos pendiam como pesos mortos - tinha medo de te tocar.
E então disseram-te para me abraçares, para me protegeres - de ti? de mim? já nem lembro - e eu quase cedi ao impulso de rodear o teu pescoço com os meus braços e sussurrar ao teu ouvido algumas das lágrimas que me tinha esquecido de gritar, da última vez. Contive-me mas tu não desviaste o olhar. Voltaste a olhar-me nos olhos. Voltaste a sorrir-me. Voltei a pedir-te abraços. Voltámos aos jogos do costume. Voltei a sentir saudades tuas. Voltei a convencer-me que tinhas voltado, ou pelo menos que o ias fazer.
Voltei, voltaste, voltámos?
Tenho medo que tenhas voltado a fazer-me falta, só. E tenho mais medo ainda que esta falta que sinto seja apenas a falta tão vazia e sem sentido do próprio sentir falta. Sentir falta de mim mesma - não do que eu fui contigo, mas do que era quando ainda era contigo. Percebes?
Non-sense, je sais.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

irma la douce (1963)

"Shows you the kind of world we live in. Love is illegal - but not hate. That you can do anywhere, anytime, to anybody. But if you want a little warmth, a little tenderness, a shoulder to cry on, a smile to cuddle up with, you have to hide in dark corners, like a criminal."

Quando for grande quero ter umas meias verdes. "But that's another story."

sábado, 8 de novembro de 2008

a cabeleireira

“Acreditamos naquilo de que precisamos, não é? E acreditamos vinte, trinta, quarenta vezes, contra todas as evidências. Vemos o mal como uma nuvem temporariamente pousada sobre a testa do outro, não como uma parte da alma dele. Somos cândidos por desespero.”

Fica Comigo Esta Noite,
Inês Pedrosa

terça-feira, 4 de novembro de 2008

gorecki

If I should die this very moment
I wouldn't fear
For I've never known completeness
Like being here
Wrapped in the warmth of you
Loving every breath of you
Still in my heart this moment
Or it might burst
Could we stay right here
Until the end of time until the earth stops turning
Wanna love you until the seas run dry
I've found the one I've waited for
Lamb

sábado, 1 de novembro de 2008

two for the road (1967)

"BITCH. BASTARD."

Sob a forma de um procissão de automóveis, é-nos contada a historia da vida de um casal, interpretado por Audrey Hepburn e Albert Finney, durante as várias férias que passaram juntos pela Europa. Cada carro que passa traz-nos um pedaço de um Verão nos braços do Mediterrâneo, sucessivas analepses e prolepses que nos contam tudo sobre Joanna e Mark Wallace: um beijo esquecido, uma gargalhada num carro apertado, uma praia deserta, uma discussão com um toque de doçura que sempre deixa antever a reconciliação. Este filme é isso mesmo, uma estrada de dois sentidos, um vai-vem de sentimentos para quem vê o filme na expectativa de atingir o final feliz impossível ou até mesmo de se rever nalgum momento do romance; um vai-vem interminável de sentimentos em que as duas personagens acabam sempre por se encontrar, simplesmente porque nenhuma delas consegue existir se não existir com a outra.

Neste filme de Stanley Donen, Audrey Hepburn evidencia a sua versatilidade, envelhecendo mesmo ao longo do filme, passando da simples menina de coro virgem à esposa da alta sociedade. Quem imaginaria possível ver a única e juvenil Audrey Hepburn quase apagada?


Mark Wallace: What kind of people just sit in a restaurant and don't say one word to each other?

Joanna Wallace: Married people?