quarta-feira, 24 de setembro de 2008

sempre

Sempre que me pedes que fique, eu vou. Sempre que te peço que voltes, tu vais. E sempre que eu nao quero ir, e sempre que tu nao queres que vá, e sempre que te chamo, e sempre que me olhas, e sempre que sim e sempre que não... são sempre sempres diferentes.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

matizes e limões

Naquele fim de tarde de matiz quente, não me surpreendi quando me vieram parar às mãos uma folha branca e uma caixa de lápis preta, rebuscada, com uma fissura pequena por onde espreitavam doze tímidos lápis de cor.
Decidi desenhar a tua ausência e para isso escolhi um lápis amarelo, porque o amarelo me fazia lembrar limões e os limões me faziam lembrar-te a ti. Comecei a minha obra com uma longa, infinita, linha recta sem princípio nem fim. A tua ausência desenhada naquela cor macilenta fez-me arder os olhos. Fechei-os e apertei os lápis de cor contra a pele dura das minhas mãos. Quando os larguei e finalmente respirei fundo, a palma da minha mão era a morada de onze riscas coloridas.
O lápis amarelo continuara parado sobre a folha de papel outrora intacta e, por isso, na minha mão, não se encontrava o risco dessa cor áurea. Agora tinha onze riscos - onze caminhos - de cor diferente para escolher. E o amarelo, aquela cor que me fazia lembrar os limões que me faziam lembrar-te a ti, não estava lá.