quinta-feira, 30 de abril de 2009

estreou hoje

Criação colectiva com direcção, encenação e dramaturgia de João Maria André, cenografia do Atelier do Corvo, movimento e expressão corporal de Leonor Barata, banda sonora de Luís Pedro Madeira, vídeo e desenho de luz de Nuno Patinho e um elenco com Alexandra Mascarenhas, Alexandra Silva, Alexandre Ventura, Cristina Janicas, Gonçalo Noronha, José Manuel Carvalho, Maria José Almeida, Maria Manuel Almeida, Paula Santos e Vítor Carvalho.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Dia Mundial da Dança

No começo: bras bas. Dantes dizia "Mãe, quando for grande quero ser bailarina." Dançava no meio da rua nas noites quentes de Agosto e recebia das pessoas uma ou duas moedinhas, que guardava para mais tarde trocar por uma nota e comprar um gelado. Depois, deixava a nota escapar-se por entre os meus dedos: en l'air. "Mãe, voou." Porque as bailarinas, para mim, também voavam e eu gostava de ver os papéis e as folhas das árvores a rodopiar no ar.
"Mãe, quero ir para o ballet." Gostava de cor-de-rosa porque era a cor das bailarinas, gostava de sabrinas porque faziam lembrar sapatilhas de ballet, gostava de vestidos rodados para os fazer rodopiar quando dançava, gostava de apanhar o cabelo para ficar parecida com as bailarinas, gostava de borboletas porque eram os animais que dançavam. Plié-tendu, relevé-posé. Não tinha vergonha de dançar em frente às pessoas, quando era pequena. Para mim, dançar era liberdade, total e incondicional. A pouco e pouco, ganhei medo. De me exceder? De ficar para trás? De errar? Dançar deixou de ser "ser livre". Tombé-pas de bourré-pas de chat-pas de chat.
Cometi o erro de me deixar levar pela pura técnica que nem dominava. E perdi. O sonho, o "Mãe, quero ser bailarina.", o fascínio pelo rosa imaculado que, para mim, personificava a dança. Bolhas, calos, dores na pernas e nas costas. A derrota do primeiro par de pontas. A derrota do segundo par de pontas. O desapertar as fitas ao fim de uma aula de ballet e ter os pés em sangue. O terceiro par de pontas que, a pouco e pouco, vou vencendo. A espargata a cinco centímetros do chão. As primeiras pirouettes seguidas. As primeiras vitórias com V grande em palco. A união intermitente, as mãos que se dão para dar força aos pés. As mãos que se largam, depois, para lhes dar asas. Changementes.
Novas danças e experiências, só por divertimento. Subitamente, no verão passado, dança contemporânea e danças de salão: le tango, une pensée triste qui se danse. Developpés. Agora, quando vou para o ballet mais cedo para treinar, gosto de olhar as pequeninas de cor-de-rosa e de ser invadida por uma melancolia que poderia ser igualmente sentida por uma bailarina que não dança há muito tempo. É desta maneira que me consciencializo que não, as bailarinas não voam, a não ser que dêem tudo delas. Como os anjos, só ganham asas depois de cumprir a sua missão. Arabesques e grands-jetés.
Gostava de ainda querer ser bailarina. Gostava de poder dizer "Mãe, quando for grande quero voltar a ser pequena, para desta vez não fugir. Desta vez o único glissade que quero fazer é em palco, não deixes que o sonho me deslize outra vez pelos braços de bailarina que um dia ainda gostava de ter." Reverence. La danse est une cage où l'on apprend l'oiseau.

terça-feira, 28 de abril de 2009

"Quand tu danses... tu sors de toi-même, tu deviens plus grand et plus puissant, plus beau. Pendant quelques minutes, tu es héroïque. C'est la puissance. C'est la gloire sur terre. Et cela t'appartiens, chaque soir."
Agnes de Mille

segunda-feira, 27 de abril de 2009

it's a wonderful life (1946)

"Strange, isn't it? Each man's life touches so many other lives. When he isn't around he leaves an awful hole, doesn't he?"
"Teacher says, every time a bell rings an angel gets his wings."

"Attaboy, Clarence."

domingo, 26 de abril de 2009

C'est peut-être l'amour pour la beauté en soi-même.

sábado, 25 de abril de 2009

andrei tarkovsky (1932 - 1986)

"O guião é o relato feito a um cego de alguma coisa que se vê (...) O guião morre no filme."

Primeiro dia do workshop de Argumento, XVI Festival dos Caminhos do Cinema Português

sexta-feira, 24 de abril de 2009


Why don't you take another little piece of my heart?

quarta-feira, 22 de abril de 2009

e ainda tens que me dizer porque é que nunca partiste

Porque é que nunca parti? Se te dissesse que começou por ser só para te mostrar que era melhor que tu, acreditavas? Se te dissesse que depois foi simplesmente para te contrariar quando me pedias para esquecer? E se te dissesse que foi mania, capricho, dever, necessidade, destino? Acreditavas?
E se te sussurrar ao ouvido que te amo? Acho que ficas esclarecido.

terça-feira, 21 de abril de 2009

agora tem a mania que tem piada

"A Maria e o Manuel vão ao teatro Municipal assistir ao "Lago dos Cisnes".
A Maria, muito cansada, após um longo dia de trabalho, adormece profundamente durante a maior parte do espectáculo. Acorda de repente e pergunta ao marido:
- Maneli, dormi. Será que alguêm da platêa notô ?
Responde o Manuel:
- Da platêa nã sêe, mas todas as artistas sim, pois há horas que andam na pontinha dos pêis p'ra nã te acordari !!!
Lembrei-me de si, sua alteza real."

(mail do Diogo, terça-feira, 21 de abril de 2009 19:51:57)

domingo, 19 de abril de 2009

os comentários do hi5 são coisas bonitas

"Bárbara- Eu odeio flúor
Fragoso - Flúor...
André - O flúor é aquela coisa engraçada que sai das árvores e anda pelo ar nos dias de primavera, né? :D"
10 de Novembro de 2007

"Bárbara: Quê?
André: Quê o quê?
Bárbara: Quê o quê o quê?
André: Quê o quê o quê o quê?
Bárbara: Quê infinitoooos xD
André: Quê infinitos mais um.
Bárbara: Isso não existe -.-"
5 de Fevereiro de 2008

eu gostar muito de tu
tu ser um boi
eu ser uma vaca
nós ir ter vitelinhos
mas tu prometer que não os ir comer, sim?
amo-te minha vida

sábado, 18 de abril de 2009

la distance

"Il faudra bien que tu t'avances
Si on veut combler la distance
Entre nous
Il faudrait t'accrocher plus fort
Si tu veux t'accrocher encore
A mon cou"
Alex Beaupain

sexta-feira, 17 de abril de 2009

gilda (1946)

"Hate is a very exciting emotion. Haven't you noticed? Very exciting. I hate you too. I hate you so much I think I'm going to die from it."

quinta-feira, 16 de abril de 2009

rita hayworth (1918 - 1987)

"Every man I knew went to bed with Gilda... and woke up with me."

quarta-feira, 15 de abril de 2009

camoniana

Quem és tu, bárbara, que moras
num poema que se estuda nas escolas
e se lê em recitais,
tu que te limitaste a ser amada
por um poeta que, se calhar, mais
não te deu em troca do amor
do que esse poema que tu, se calhar,
nunca chegaste a ouvir? Quem és,
ó mulher mais real do que esse
poeta que te cantou, e de cuja vida
ninguém sabe nada - a não ser
que te amou, e te deitou nesse
poema em que ainda vives, e respiras,
como no dia em que ele o escreveu
lembrando-se do teu corpo, e dos
teus lábios, e dos dias, ou noites,
que contigo se passaram? Quem és,
mulher real e sonhada que habitas
todos os poemas que esse poema
inspirou, e todos os sonhos que
nessa bárbara encontraram uma imagem
precisa e definitiva? Volta-te
nesses versos, para que te vejamos
o rosto, e diz-nos o teu nome - o nome
autêntico, e não esse que o poeta
inventou para te chamar num poema
que de ti só guarda o segredo;
e adormece, depois, esquecendo
o que de ti disseram, e os comentários
de que foste o pretexto, e as imagens
em que, cada vez mais, foste perdendo
a tua, e única, imagem.

Nuno Júdice

terça-feira, 14 de abril de 2009

segunda-feira, 13 de abril de 2009

au clair de la lune

Au clair de la lune,
mon ami Pierrot
Prête-moi ta plume
pour écrire un mot
Ma chandelle est morte,
je n'ai plus de feu
Ouvre-moi ta porte,
pour l'amour de Dieu

domingo, 12 de abril de 2009

10

Como é tarde. Como é tarde e, contudo, como é longínquo ainda o dia em que não terei de te deixar ir embora, nem que seja para voltares tempos depois. Daqui a pouco o sol nasce e eu ainda te tenho aqui, ainda me tenho nos teus braços. É tarde, morres-me de sono com um sorriso nos lábios e eu perco os meus nos teus olhos fechados. Não consigo dormir. Por muito que tente, os meus olhos teimam em abrir-se de instante a instante para confirmar (ou talvez provocar) a tua serenidade. Tens um sorriso inabalável no rosto. Serei mesmo eu esse reflexo de paraíso na tua cara? Como fui aí parar?
Entre portas e janelas e armários e caixinhas, acho que desta vez entrei finalmente pela porta principal. É cada vez mais difícil virar as costas agora que sou bem-vinda, são cada vez mais perpétuas as nossas marcas um no outro. Finalmente, concedem-me um pouco de equilíbrio ao fim de tantas léguas em cima de uma corda bamba.
Às vezes ainda tenho medo. Um medo que me corrói lá no fundo e me aperta a garganta quando a noite já vai lançada. Mas hoje, não. Hoje só tu me falas e sorris de olhos abertos e fechados, hoje só tu existes. Gostaria de te poder dizer que foi de repente que percebi que já não podia viver sem ti, que acordei um dia a querer-te para sempre, mas a verdade é que ainda não sei como nem quando foi que te vieste aninhar tão profundamente dentro de mim.
Acordas com um gritinho estúpido meu. O teu primeiro impulso leva-me a pensar que me queres matar por te ter acordado de uma forma tão repentina. Lentamente, o teu sorriso assume formas de paraíso. É mais um pedaço de céu que me dás para a minha colecção, ao fim de tanto tempo. Cantas-me ao ouvido promessas de eternidade e arrepios de ternura. Olhas para mim e derretes, desmoronas-te nos meus braços e dizes "eu já me sinto em casa".
Por vezes, há tanta beleza no mundo que não sei se vou aguentar, como se o meu coração me fosse rebentar nas tuas mãos, onde tão bem o guardas. Por vezes, a felicidade está a meia dúzia de metros, logo ao cimo da rua. E sempre, o meu melhor paraíso és tu.

sábado, 11 de abril de 2009

Era uma vez...

Sabem quando éramos pequenos e nos contavam histórias de encantar? Eu gostava dessas histórias. Começavam com um típico "Era uma vez" seguido de uma descrição de uma princesa. Depois era lançado um problema de forma espampanante e a história concluí-se com um mítico verso de felicidade: "viveram felizes para sempre".
Permitam-me, caras crianças-grandes, que vos conte uma história de encantar na qual sou, como não podia deixar de ser.... o mau da fita.
Era uma vez, numa longínqua terra chamada "Quinta da Boavista", uma princesa de nome Bu. Ela vivia no último andar de uma casa modesta. Era linda, magra, NÃO-barriguda, de cabelo ruivo cuja franja cortava a respiração cada vez que o vento a fazia voar...(Ok isto está a ficar muito, muito lamechas e como tal vou falar da personagem principal..) Sr. Janicas ou D. João Paulo Janicas I, como era conhecido no seu reino. Sim, ele era o rei. Era tão rei que na porta do seu quarto tinha uma placa com o seu nome. Apesar das duras restrições impostas pelos reis da Boavista, ninguém impediu Bu de se apaixonar pelo temível, destruidor de manhãs de estudo, rebelde, mental desequilibrado André Pereira (Eu :D)
André fez muito mal a Bu. Mas apesar disso, ela nunca deixou de o amar...muito. Assim, quando André percebeu que gostava da Bu, ela ainda estava lá. Por sorte. Porque, por vezes, a sorte e a paciência são parte do amor. (Isto está a ficar lamechas outra vez não é verdade? Peço desculpa, eu vou avançar para a conclusão que é sem dúvida aquilo de que estão à espera...)

E assim minhas crianças-grandes, a dor e o sofrimento é um preço caro. O preço caro do amor. E já chega de foleirices por hoje.
Viveram felizes para sempre...

André Pereira

Um sol e um arco-íris é o tempo que faz neste pequeno mundo, de nome igual ao teu, que habita algures dentro de mim. E sabes porquê? Porque estás a sorrir.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

tears in heaven

Would you know my name
If I saw you in heaven
Will it be the same
If I saw you in heaven
I must be strong, and carry on
Cause I know I don't belong
Here in heaven

Would you hold my hand
If I saw you in heaven
Would you help me stand
If I saw you in heaven
I'll find my way, through night and day
Cause I know I just can't stay
Here in heaven

Time can bring you down
Time can bend your knee
Time can break your heart
Have you begging please
Begging please

Beyond the door

There's peace I'm sure.
And I know there'll be no more...
Tears in heaven

Would you know my name
If I saw you in heaven
Will it be the same
If I saw you in heaven
I must be strong, and carry on
Cause I know I don't belong
Here in Heaven
Eric Clapton

quarta-feira, 8 de abril de 2009

lisboa (2)

Há mais locais desses. Mais parques ou edifícios onde as pessoas vão, param e olham com gosto, onde vêem a sua especificidade reconhecida. Os meus pais levaram-me à Cinemateca. Senti-me em casa, é muito estúpido dizê-lo? Um edifício bonito, preservado, calmo, parecendo todo ele suportado por uma única coluna de caixas de bobines sobrepostas. Uma sala com tecto de céu, azul-escuro com pontos cintilantes a imitar estrelas. Um corredor com cartazes e fotografias de filmes, outro com uma exposição de fotografia. Um bar chamado 39 degraus com cartazes de filmes autografados e uma loja-paraíso para cinéfilos leitores. Um auditório pintalgado com meia dúzia de velhotes – ia dar um filme do Howard Hawks com o Cary Grant – e outras salas de projecção, mais pequenas e totalmente vazias. Uma exposição de máquinas de cinema: lanternas mágicas, fenaquistiscópios, zôotrópios e máquinas de projecção primitivas – as mais belas que já vi.
Depois, um passeio pelo Bairro Alto, uma volta no Chiado. Andar a pé durante quase três horas, sempre a subir e depois sempre a descer – porque, afinal, tudo o que sobe também desce. Entrar nas lojas alternativas, como uma da Pepe Jeans só com artigos baseados nas obras do Andy Warhol, deleitar-me com os artigos e mesmo com os preços (uma lata a 533 euros? Fantástico!), e admirar os morangos que espreitam à entrada de todas as mercearias.
E assim, palmilhei esta cidade grande com os meus pés e os meus sonhos e, à minha maneira, lá a transformei um bocadinho em grande cidade. E não passo sem comer morangos hoje ao jantar, não passo.

terça-feira, 7 de abril de 2009

lisboa (1)

Não gosto de Lisboa. Não gosto, pura e simplesmente, da energia excessiva que derramam as ruas e os edifícios, feios, desenquadrados, grotescos. Lisboa sofre do mesmo mal que todas as cidades grandes que não são (ou não sabem ser) grandes cidades: as pessoas mal se olham, têm medo de se olhar. A maior parte delas acorda de manha, dá uma vista de olhos à agenda e segue o resto do dia segundo esse plano pré-elaborado, acompanhadas pelo melhor amigo do habitante de uma cidade grande: o automóvel. Na rua, as pessoas cruzam-se mas não se tocam; na estrada, cruzam-se amiúde milhares de vidas a cada instante, tocando-se os carros em acidentes que já são, no fundo, parte do dia-a-dia, subentendidos entre as linhas das agendas dessas pessoas apressadas, atarefadas.
A pressa – as cidades grandes não dormem. O tempo não pára. Ninguém abranda, nem que esteja em causa a vida de alguém. As pessoas têm a sua vida tão programada, e o que daí resulta é, curiosamente, a maior desordem, um caos suado e pegajoso.
As cidades grandes parecem pequenas para quem vive nelas e para quem as vê de fora e isto não se deve só às primeiras já as julgarem conhecer como à palma das suas mãos ou a estas estarem a abarrotar de pessoas, automóveis e edifícios. Deve-se, principalmente, ao facto de, por serem tão grandes e tão cheias, se resumirem, para todas essas pessoas, a meia dúzia de percursos, diários ou turísticos, e monumentos que se destacam no meio da confusão.
Hoje trouxeram-me a Lisboa, a cidade grande que não sabe ser grande cidade do nosso país. Ao andar por Lisboa a pé pude misturar-me na energia da cidade, ser empurrada e comprimida, (quase) tropeçar em passeios estragados e sem-abrigos e perder-me na desordem, deixando de ver o que quer que fosse à minha volta. Contudo, também pude ver as coisas pequenas desta cidade grande. Num jardim onde ainda se juntam todas as classes etárias, os pais a acompanhar os filhos no parque infantil, as velhas a dar migalhas às pombas, as adolescentes histéricas encavalitadas num só banco à volta de uma daquelas revistas de adolescentes-parvas-e-inconscientes, o putos a jogar futebol, improvisando balizas entre caixotes do lixo e troncos de árvores cortados rente, um grupo à volta de uma guitarra aqui, duas ou três pessoas a dormir num banco ali, os reformados de Lisboa concentrados num jogo de cartas que já dura há horas, reconheci um local onde as pessoas ainda se reúnem, olham umas para as outras, olham à sua volta e se reconhecem.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

too much love will kill you

Too much love will kill you
If you can't make up your mind
Torn between the lover
And the love you leave behind
You're headed for disaster
'cos you never read the signs
Too much love will kill you
Every time
Queen

domingo, 5 de abril de 2009

psycho (1960)

"It's sad, when a mother has to speak the words that condemn her own son. But I couldn't allow them to believe that I would commit murder. They'll put him away now, as I should have years ago. He was always bad, and in the end he intended to tell them I killed those girls and that man... as if I could do anything but just sit and stare, like one of his stuffed birds. They know I can't move a finger, and I won't. I'll just sit here and be quiet, just in case they do... suspect me. They're probably watching me. Well, let them. Let them see what kind of a person I am. I'm not even going to swat that fly. I hope they are watching... they'll see. They'll see and they'll know, and they'll say, "Why, she wouldn't even harm a fly..."

sábado, 4 de abril de 2009

cabaret (1972)

Divine decadence, darling - Life is a cabaret, ol' chum

sexta-feira, 3 de abril de 2009

bob fosse/chicago (2002)

"Come on, babe, why don't we paint the town?
And all that jazz"

“You can like the life you're living, you can live the life you like. You can even marry Harry, but mess around with Ike and that's good, isn't it grand? Isn't it great? Isn't it swell? In fifty years or so, it's gonna change you know, but oh it's heaven nowadays.”

quinta-feira, 2 de abril de 2009

o mistério do jogo das paciências

"Uma vez um astronauta e um neurocirurgião russos discutiam sobre a fé cristã. O neurocirurgião era cristão e o astronauta não era. O astronauta gabava-se: «Estive muitas vezes no espaço e nunca vi anjos.» O neurocirurgião ficou boquiaberto e respondeu: «E eu já operei muitos cérebros inteligentes, mas nunca vi um único pensamento.»

"A vida é uma grande lotaria onde só são visíveis as cautelas vencedoras..."

"Mas algo dentro de mim diz que anda um Joker algures pelo mundo. Ele fará com que o mundo nunca adormeça. Em qualquer momento e em qualquer lugar, um pequeno bobo com orelhas de burro e chocalhos poderá aparecer e, olhando fixamente, perguntar: Quem somos? De onde viemos?"

Jostein Gaarder

quarta-feira, 1 de abril de 2009

dia das mentiras?

Partilhámos essencialmente momentos. Mesmo contados pelo tique-taque de um relógio analógico ou de sol, pelo horário de um comboio do qual eu nunca gostei porque te vinha tirar sempre de mim ou por um horário estúpido que impunha a mim própria, julguei ver, desde sempre, esgares de eternidade em cada um dos nossos abraços, beijinhos, brincadeiras, mensagens, cartas, telefonemas, prendas. E construí, com cada um dos teus sorrisos lavados em promessas, uma amizade que jurei para sempre.
Contam-se pelos dedos as vezes que estive contigo, e ainda assim. Ainda assim nunca admirei tanto ninguém, nunca confiei tanto numa pessoa de quem nem tinha provas que fosse real. Ainda assim nunca me esforcei tanto para ajudar alguém que descartava dos meus conselhos com a mesma facilidade que eu descartava dos teus, para me arrepender no momento seguinte, para te deixar ficar a tratar-me das feridas que eu própria me provocava. Ainda assim depositei em ti tudo o que sou, ou era. Vens-me agora criticar os meus sonhos e a minha vida. Não tiveste tempo suficiente antes para o fazer? Se sempre te incomodou, porque só mos atiras agora à cara? Foi preciso um ano - um ano, tinha marcado num telemóvel que já nem uso a primeira vez que tinha estado contigo - para vir a descobrir que afinal um bocadinho de nós não passava de uma farsa. Apesar disso, tinha o maior orgulho e carinho por ti. Passei a ser tão igual a ti em algumas coisas que tive medo que achasses que te estava imitar; noutras, éramos avessos equilibrados, reflexos de personalidade que se fizessemos coincidir se completariam. Talvez por isso te tenha prometido tanto e tenha acreditado tanto nas tuas promessas. Porque, afinal, eras a minha pessoa. Como pude falhar-te tanto? Ou melhor: falhei, realmente, em alguma coisa? De todas as vezes que o mundo te desabou em cima e que correste para mim, não abri suficientemente os braços para te receber? Ambas sabemos que sim. Ambas sabemos que, um dia, fomos o melhor abrigo uma da outra.
E de repente. De repente dou por mim com medo de te falar, de te olhar nos olhos. De repente escapas-me por entre os dedos, pequenina, saltitante, subitamente tão mais distante que o costume. Tenho medo de te perguntar como vai ser agora, porque te conheço tão bem que sei que ou foges de mim ou forças até se tornar insuportável. O medo de te perder esteve sempre comigo desde que te conheci, porque sempre vi o modo como punhas de lado as pessoas que perdias. Sim, também tu puseste de lado muitas bonecas. Mas, com o tempo, talvez por te ter conhecido melhor, passei a admirar-te por ultrapassares com tanta coragem os teus problemas e a ver-te como alguém que praticamente vivia num comboio, com um bilhete com número de viagens ilimitadas... Vê se entendes: assim, como eu te imaginava, podias passar o resto da vida pelo mundo com a tua máquina fotográfica e o teu sorriso a coleccionar memórias e pessoas, em idas e vindas intermináveis. Pintei-te como alguém que, acima de tudo, voltava sempre.
Quero que saibas que, de tudo o que herdei de ti, a capacidade de esquecer não me foi concedida. Ainda tenho as bonecas com que brincava quando era pequena numa caixa na porta de cima do meu armário, não estão simplesmente atiradas a um canto. E lembra-te que, um dia, disseste que eu era parte de ti, do teu sorriso. Essa parte de mim nunca te vai deixar. Sempre que sorrires, vou ser esse cantinho cintilante mais levantado da tua boca, esse mesmo pormenor que me fez aproximar de ti.