sábado, 25 de outubro de 2008

dança!

"Dançar é sentir, sentir é sofrer, sofrer é amar... Tu amas, sofres e sentes. Dança!"

Isadora Duncan (1877-1927)

terça-feira, 21 de outubro de 2008


"Se não fosses uma pessoa, serias com certeza um anjo. Para mim já o és!"
Ou já o fui?

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

splendor on the grass (1961)

"Though nothing can bring back the hour of splendor in the grass, glory in the flower, we will grieve not; rather find strength in what remains behind."

sábado, 18 de outubro de 2008

"nos pés o peso leve da eternidade..."



"O reclinar-se
O descolar dos braços
Ergue o tronco
Desliza
Volta ao sofá
O levantar-se, o passado
Preso às pernas
A dança, nos pés o peso
Leve da eternidade
O cansaço"


Ana Marques Gastão

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

vamos fingir

Vamos, vem. Vem fingir. Não se passou assim tanto tempo para já teres esquecido de como é. Dantes fazias todas estas coisas sem ser preciso pedir-te, sem respirar sequer, era a tua essência. E estava em todo o lado, comigo, a toda a hora. O sol aparecia e desaparecia, e estava lá. Os ponteiros do relógio davam voltas e voltas e voltas e tu vinhas a correr, saltitante, atrás deles e eu via que estava lá. Vinha o frio, pedia-te o teu casaco, e estava lá. Ou quando nevava, flocos de neve estrelados, e nos deitávamos na neve, de braços abertos, pernas abertas, olhos abertos a olhar o céu, e então estávamos lá também, estava lá o céu, estava lá o Mundo. Ou quando acordavas de manhã com a campainha a tocar – o carteiro toca sempre duas vezes – e gritavas para ir eu abrir a porta, que era demasiado cedo para tu te estares a levantar, quando tinha sido eu que me tinha deitado tarde e más horas na noite anterior, por ter ficado a arrumar a cozinha depois de te ter feito o gelado de chocolate que tanto gostavas. Ou quando ficava a estudar contigo e depois me punha em frente às estantes do teu quarto a cantar músicas velhas com letras velhas, lições velhas, cheiro a velho, e a ler todos os papelinhos de recados que, por preguiça ou outra coisa mais doce tu embirravas em não pôr para o lixo, e depois começava a deitar a baixo todos os bonecos pequeninos e peluches tipo brinde do McDonald’s só pelo gosto de ter que os voltar a endireitar e arrumar – e lá se ia o estudo.
No fundo, não nos esquecemos de nada. Apenas houve uma noite em que te deitaste e te levantaste bem antes do nascer do sol, que correste, não atrás, mas à frente dos ponteiros do relógio e que mudaste de caminho, deixando-me sozinha sobre os flocos de neve precipitantes. E como nevou nessa noite, meu bem! Tive muito frio e, adivinha lá, tinha-me esquecido do casaco. Nesse dia, estudei concentrada e sem interrupções para provar a mim mesma que conseguia fazer as coisas sem ti. Mas vê se percebes, a concentração era o que eu não fazia contigo e acabei por só não fazer o que fazia contigo. Fiz-me à vida, então. Só muito tempo depois é que percebi que não tinhas sido tu que tinhas perdido a essência; tinha sido eu que a tinha perdido de mim.
Peço-te: vamos fingir. Podemos fingir que não nos conhecemos nunca. Que nunca dormimos na mesma cama minúscula de um beliche enferrujado, que nunca te puxei para mim no meio de um corredor escuro. Podemos fingir que nunca te enxuguei as lágrimas com um rolo de papel higiénico amarelo ou que nunca fiquei horas a chorar ao teu colo. Podes até fingir que nunca traíste uma pessoa tantas vezes que deixou de ter importância, assim como eu posso fingir que nunca te menti por gozo. Vamos fazer de conta que nunca fui ter contigo de manhã para ir comer gelado de morango debaixo do muro cinzento do parque e que nunca cometeste o erro de me levar a casa a seguir. Podes até fingir que não te lembras de como eu corria para ti todas essas manhãs e gritava e te abraçava e depois te pedia uns trocos para ir comprar mais um gelado, desta vez de limão, ou como nos portávamos bem quando andávamos simplesmente por aí ou íamos ao cinema e gritávamos ao ver aquele actor ou ao ouvir aquela música. Podes disfarçar o alguma vez me teres ido agarrar quando eu andava a escorregar lentamente pela parede, ou o alguma vez teres gritado comigo por andar a agir mal, por andar a beber de mais ou por andar a comer de menos. Podes fazer de conta que nunca apanhámos um comboio quase de madrugada e que nunca corremos em loucura até ao areal só para rebolar na areia, ou na relva estupidamente fresca numa tarde de Outubro, ou no chão duro de tua casa.
Anda lá, vamos fingir. Podemos fingir que não nos conhecemos nunca ou que estamos bem, ‘muito bem, obrigada, e o senhor?’. Podemos fingir que ainda é a mesma coisa e que só não me dizes nada no corredor da escola porque, nem imaginas, era tanta distracção que nem me viste. E que também não vieste ter comigo naquele fim-de-semana porque tinhas que estudar para uns testes diagnósticos da treta ou que não tinhas mesmo dinheiro para me pagar o gelado de ananás naquele dia. Podemos fingir que as palavras que me dizes não são secas, só desprovidas de sentimento por causa do calor. E que é por andar a fazer muito calor ultimamente que andamos assim. É por estar muito calor que é desconfortável deitares-te comigo ao sol nas bancadas ou abraçares-me com toda a força.
Anda lá. Vem, vamos fingir. Vamos fingir que nunca nascemos. Que o Universo não existe. E que não tenho medo da ausência. Digo-te que não me fazes falta. Podemos fingir, principalmente, que não me fazes falta.
Vamos fingir.
02-10-08

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

e amanhã?

" (...) E as minhas tentativas para esvoaçar como fada por aí, aparecer à tua porta de manhã, morta de sono, e dizer-te com um sorriso triste e olhos brilhantes: “Hoje acho que te amo. Amanhã já não sei. E tu, achas que me amas hoje?"

domingo, 5 de outubro de 2008

an american in paris (1951)


"- Maybe Paris has a way of making people forget.
- Paris? No. Not this city. It's too real and too beautiful to ever let you forget anything."

memórias de abril de 2007