quarta-feira, 8 de abril de 2009

lisboa (2)

Há mais locais desses. Mais parques ou edifícios onde as pessoas vão, param e olham com gosto, onde vêem a sua especificidade reconhecida. Os meus pais levaram-me à Cinemateca. Senti-me em casa, é muito estúpido dizê-lo? Um edifício bonito, preservado, calmo, parecendo todo ele suportado por uma única coluna de caixas de bobines sobrepostas. Uma sala com tecto de céu, azul-escuro com pontos cintilantes a imitar estrelas. Um corredor com cartazes e fotografias de filmes, outro com uma exposição de fotografia. Um bar chamado 39 degraus com cartazes de filmes autografados e uma loja-paraíso para cinéfilos leitores. Um auditório pintalgado com meia dúzia de velhotes – ia dar um filme do Howard Hawks com o Cary Grant – e outras salas de projecção, mais pequenas e totalmente vazias. Uma exposição de máquinas de cinema: lanternas mágicas, fenaquistiscópios, zôotrópios e máquinas de projecção primitivas – as mais belas que já vi.
Depois, um passeio pelo Bairro Alto, uma volta no Chiado. Andar a pé durante quase três horas, sempre a subir e depois sempre a descer – porque, afinal, tudo o que sobe também desce. Entrar nas lojas alternativas, como uma da Pepe Jeans só com artigos baseados nas obras do Andy Warhol, deleitar-me com os artigos e mesmo com os preços (uma lata a 533 euros? Fantástico!), e admirar os morangos que espreitam à entrada de todas as mercearias.
E assim, palmilhei esta cidade grande com os meus pés e os meus sonhos e, à minha maneira, lá a transformei um bocadinho em grande cidade. E não passo sem comer morangos hoje ao jantar, não passo.

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