sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

silêncio

Silêncio. O silêncio é a pior arma numa amizade com amor. Respiro o mesmo silêncio de duas maneiras: o meu como de quem reserva todas as forças para lutar, o teu como ausência total de som e de vida, de vontade de lutar. Calo-me, decidi não chamar mais por ti. Calo-me, não me atrevo sequer a abrir a boca, não vão todas as minhas palavras correr para ti. Calo-me, mas continuo à espera que o meu silêncio torture o teu, continuo à espero de algo vindo de ti.
Tu não vens. Não falas, mudo como sempre. Abre-me essa boca e esses olhos de uma vez por todas. Eu ainda estou aqui. Explica-me porque é que nunca tentas sequer falar. Explica-me porque é que não lutaste nunca. E porque é que eu continuo aqui, a lutar por ti e por mim. Mas não, não. Desta vez é mesmo para me ir embora. Dei-te tudo, força, vida, voz. Talvez por isso me abrigue agora no silêncio...
Não vou ser eu a ceder desta vez, acredita. Acredita, preciso que acredites, porque eu já não acredito mais em mim. Esta minha força fraca de vontade já não convence ninguém. E mesmo o meu silêncio contém sussurros e chamamentos. A parte fraca de mim grita o teu nome com sabor a lágrimas de sal. A outra parte tenta odiar-te. Sim, odeio-te da melhor maneira que sei. Odeio-te porque dizes que só estás comigo porque me deves isso. Não me deves nada, ouviste? Não suporto que tenham pena de mim, e odeio-te porque me fazes amar-te mais que a mim própria. Odeio-te porque permaneces calado. Fala, por favor. Já é tarde, e eu preciso de dormir. Hoje não há boa noite nem beijinho na testa? E dizem que é suposto adormecer assim. E dizem que é suposto acabar com isto.
No fundo, não percebo o que me levou a querer acabar, hoje. Não houve gota de água a fazer transbordar o copo e ainda não acho que mereça melhor. Amo-te da mesma maneira. E não quero que me deixes ir embora. Não quero ir embora. Faz-me querer. Não consigo viver sem ti, mas manda-me embora. É mais fácil quando és tu a dizer que tenho de ir. Silêncio. É tarde, tenho de ir dormir. Não há mesmo mensagem de boa noite hoje? Fico à espera. Silêncio, ainda. Odeio-te da melhor maneira que sei: amo-te.

2 comentários:

Anónimo disse...

"Odeio-te da única maneira que sei: Amo-te, tanto, para Sempre"
Um risco amarelo, flores, um comboio, silêncio, dor, caminhos e um amor impossível. Segredo. Saudades. T

Anónimo disse...

E depois da paixão imbecil vem a surpresa, o alívio e por fim o nojo.