Os momentos grandes voam. Foi só isto, já acabou?
Claro que não foi só mais um dia, mais uma noite entre muitas, entre treze. Se passou depressa - tão, tão depressa - foi porque cada uma de nós, as quase noventa e mais os suportes essenciais, consumiu ao máximo cada segundo e se dedicou a vivê-lo com toda a garra e coração. Quem não deu mais foi porque não pôde, não que não quisesse. Voou, voámos todas.
Embrulhámos os nervos e o medo em lençóis brancos e livrámo-nos deles; ignorámos a gravidade e levantámos voo com asas de mil metros, fomos alto e voltámos; no fim, perdemos os momentos: os segundos fugiram dos nossos dedos, os instantes esfumaram-se. Surgiu o sentimento de vazio. O peso que acartávamos há meses estava-nos demasiado intrínseco para nos abandonar agora, tão de repente. O fechar da cortina custou mais que o começo de tudo. Contudo, no chão, ficaram as provas: as penas das asas que nos ajudaram a voar.
Os momentos grandes voam, sim. Mas qualquer pássaro que deslize pelo céu perde uma pena de quando em quando, e há sempre alguém, cá em baixo, para a apanhar e admirar. Qualquer pássaro que saiba voar (e não sabem todos?) tem sempre força para mais um bater de asas. Para o ano, talvez.
Somos máximas!
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